segunda-feira, setembro 28, 2009

GENTE MORTA

Vejo gente morta.
Londres me chama, mas fica proutra hora.
Dureza, sacumé.
Como um joelho, tomo um café e sigo pra caminhada diária.
Ouço tiros todas as noites. Hoje, pareciam estar mais perto. Não me impressiono. Nem eu nem os vizinhos.
Por isso acordo cedo, caminho e vejo mortos. Salto sobre eles. Indiferente.
Plugado, ouço Clash.
Filtro os barulhos da rua.
Atenção, só para o trânsito. Não quero ser barreira para outros caminhantes.
A polícia está atrás de mim.
Nada contra este gordo que se arrasta.
A lei discutia a identidade do último cadáver por que passei.
Desço a Automóvel Clube e até onde a vista encataratada enxerga nem sinal de mortos estendidos pelo chão.
Dou duas voltas, banho e cama.
Os atiradores dormem de manhã.
O barulho não me incomoda. Já incomodou.
De vez em quando, no entanto, o silêncio é bom.
Durmo pesado, sem sonhos.

Nenhum comentário: