segunda-feira, setembro 16, 2013

O pior lugar do mundo para ser gay


Vi no GNT um documentário que me impressionou. O nome: “O pior lugar do mundo para ser gay”. Foi idealizado por Scott Mills, que tem um programa de rádio na Radio 1, da BBC. Ele é gay e resolveu visitar a Uganda, na África, país onde ser gay é péssimo negócio.
Em Uganda, conversou com gays e com pessoas que detestam homossexuais, não por acaso, a maioria esmagadora da população.
Há um jornal, o Rolling Stone (parece sacanagem, mas não é), que relaciona gays e publica os endereços onde eles vivem. O editor do jornal conversou com Mills e defendeu sua posição de caçador de gays com um sorriso nos lábios e argumentação paleolítica: “Gays são pedófilos. O homossexualismo reduz em 25 anos a vida de seus praticantes. Os gays destroem a sociedade”. Jumentices ditas com muita delicadeza, o que assustou Mills.
O radialista estranhou a ojeriza a gays dos ugandenses. Pesquisou para buscar as causas. Descobriu que a aversão é relativamente recente. Ela chegou com missionários cristãos que a repassaram para os pastores da terra. Mills, então, foi conversar com um notável líder evangélico. A conversa ficou tensa quando ele confrontou o religioso com sua condição de gay.
Mills reuniu-se com um grupo de jovens e assombrou-se com o radicalismo antigay da garotada. Papeou também com uma mulher, lésbica, que vive escondida, longe de sua cidade. Ela precisou fugir depois que a denunciaram como gay.
Antes de viajar, Scott Mills encontrou-se, na Inglaterra, com um ugandense que fugiu de seu país depois de ter sido denunciado por ser gay. O autor da denúncia, um amigo, foi torturado até revelar nomes de gays que conhecia. A prática é comum em Uganda.

David Bahati é deputado. É dele o projeto de lei que pune com prisão perpétua o praticante de relação gay. Se for pego uma segunda vez, o gay será condenado à morte. Desde 2009, Bahati tenta empurrar seu projeto. A grita internacional foi grande, mas em 2012 a lei antigay andou. Em 2013, ela pode ser aprovada (mas isso não é o pior, duro é vermos um país considerando seriamente essa hipótese).
Bahati acedita que se seu projeto for aprovado, os próprios pais entregarão seus filhos à polícia.
Na entrevista, quando Mills diz a Bahati que é gay, o deputado, imediatamente, encerra a entrevista. O motorista que conduz Mills o alerta a sair dali o mais rapidamente possível. Bahati chama a polícia a fim de confiscar as fitas da entrevista que dera a Mills. A sorte e sua condição de cidadão britânico permitem a Mills sair do país.

Vale a pena ver esse documentário no GNT.

segunda-feira, setembro 09, 2013

ATACANTE


Atacante brilha na partida. Faz gol de placa, dá passe (ou faz assistência, como preferem os antenados) milimétrico para o segundo tento e marca implacavelmente, livrando seu time de situações difíceis. O time que defende perde o jogo, a crítica, no entanto, garante que ele, Atacante, teve atuação brilhante.
À beira do gramado, o repórter:
- Atacante, você jogou uma enormidade. Infelizmente, a vitória não aconteceu. Como você se sente?
- Então, é verdade. Eu trocaria o gol que fiz, a assistência, a boa atuação... tudo pela vitória de meu time. Saio daqui arrasado. Prefiro não jogar tão bem e ver meu time vencer.
Atacante não contava com o avanço tecnológico e seu uso a serviço da indiscrição. A emissora lançava naquele dia a ETM (Engenhoca Tradutora de Mentes). O dito dava lugar ao pensado. No rádio ouviu-se o pensamento de Atacante e não o que ele disse.
O repórter perguntou:
- Atacante, você jogou uma enormidade. Infelizmente, a vitória não aconteceu. Como você se sente?

- Então, é verdade. Joguei muito. Caraio, brilhei, parecia Cristiano Ronaldo. Espero que esse jogo passe lá fora. Sonho jogar na Europa, na Ucrânia, na Casa do Cacete, qualquer lugar bem longe daqui. Tô cagando pro time. Pode perder todas, se eu continuar batendo esse bolão, mês que vem tô fora”.