Às 3
da manhã do sábado, terminei de ler NA PRAIA, de Ian McEwan. Boa leitura, mas
arrastada. Levei muito mais tempo do que deveria para vencer as cento e poucas
páginas do bom texto de McEwan. Estou longe de ser um leitor rápido, mas uma
semana foi demais.
Antes
de dormir, levei para o trono FIM, de Fernanda Torres. Ia só dar uma olhadinha,
enquanto abria espaço no cérebro para as atividades intelectuais das horas que
viriam.
O
livro de Fernanda Torres saiu e foi elogiadíssimo por todo mundo. Jô Soares a
entrevistou e instalou-a em um pedestal. Falei com a esposa: “É bom ter amigos,
ser filho de gente importante, pertencer às rodas certas”. Gosto de Fernanda
Torres como atriz. Ela parece ser figura de muito bom trato e está sempre
antenada. De qualquer forma, resolvi que não compraria o livro dela. Não
naquele momento. Ação entre amigos não vai me forçar a ir à livraria, pensei,
despeitado.
Rosangela
comprou. Há umas semanas peguei o livro para escanear a capa. Ia publicar a
sinopse dele em uma revista. Escaneei-o e deixei-o em cima da mesa. Na
madrugada de sábado, era o livro que estava à mão para me acompanhar no momento
de meditação.
Comecei
a lê-lo pelas 4h e só parei às 18h, com breves intervalos para papar. O livro é
mesmo tudo o que dizem e mais um pouco. Fernanda Torres tem a manha.
A
narrativa acompanha os momentos finais de cinco amigos. Amigos de muitos anos
que se afastaram por causa de semelhanças e diferenças. Dito assim não parece
grande coisa, mas aí vem a manha. A danada sabe contar uma história, constrói
personagens verossímeis, o que não é simples. É engenhosa, faz o vai e volta
que o Cadu não faz. Exibe erudição, simplicidade, maturidade... É livro de riso
nervoso. Melancólico, muitas vezes. Um livraço, em minha opinião.
UMA
CURIOSIDADE: Perto do meio do livro aparece no texto um número de telefone.
Eram 7h quando o vi. Curioso, liguei. Uma mulher atendeu. Ia falar qualquer
coisa, mas me dei conta do horário e travei. Fingi que tinha ligado pro número errado.
A dona desse telefone deve andar enlouquecida com os curiosos que estão ligando
pra ela.