quarta-feira, julho 17, 2013

XAVASCADA


Gosto muito de Luiz Alfredo García-Roza. O autor de romances policiais. O filósofo, eu nem conheço. Discussões filosóficas estão além de meu cérebro de cinco neurônios.
A ambientação dos romances de Roza é Copacabana. Espinosa, o detetive com nome de filósofo, não costuma atirar em ninguém, curte literatura e resolve os casos, muitas vezes, com ajuda do acaso. Dos cinco livros que li de Roza, Espinosa estava em quatro.

“O silêncio da chuva” foi o primeiro romance publicado de Roza. Ganhou o Jabuti e o prêmio Nestlé de 1997, mas nada disso me impressionou. Não me tornei fã de Roza por causa dos prêmios que recebeu. O que me tornou um leitor assíduo de seus livros foi a solução que ele encontrou para punir o vilão-sequestrador no final de "O silêncio...". Com uma surra de xavasca, a vítima (indefesa?) aniquila seu algoz. Sensacional. Recomendo.

segunda-feira, julho 08, 2013

AMOR & ACASO


Há histórias de vida que parecem roteiro de filmes.
Glenn Greenwald é norte-americano. Em 2000 veio passar as férias na América do Sul. Pretendia ficar cinco dias no Brasil e cinco na Argentina. Ficou os 10 por aqui. Até hoje nunca foi à Argentina. Depois dessa primeira vinda, passou a visitar o Brasil anualmente.
Era advogado nos EUA e os atentados de 11 de setembro, como ele diz, “trouxeram graves consequências para a vida comum americana, atingindo de forma cruel os direitos individuais, entre eles, a liberdade”. De saco cheio das bushadas, alugou um apartamento no Rio onde pretendia ficar uns dois meses. No segundo dia de licença conheceu David Michael dos Santos Miranda. “Nos apaixonamos imediatamente. Isto nunca tinha acontecido em minha vida”. O amor, sacumé.
Os dois resolveram ficar juntos. O governo americano, no entanto, não dava cidadania em caso de relação homossexual. Para ficar com David, Greenwald veio para o Brasil.
Sem saber o que fazer para ganhar a vida no Brasil, Greenwald resolveu iniciar um blog para protestar contra os abusos aos direitos humanos perpetrados pelo governo Bush. O blog cresceu, ele escreveu alguns livros, ganhou credibilidade, virou colunista do inglês The Guardian e foi contatado por Edward Snowden, o homem que resolveu mostrar o que todo mundo já sabia: os EUA espionam todo o mundo das formas mais escabrosas.
Greenwald publicou os artigos que arrancaram a máscara de Obama e seus acólitos e se transformou em celebridade mundial. Tudo por causa do amor e do acaso.
Não dá um lindo drama romântico?
Brevemente, você verá nas telas de um cinema pertinho de sua casa.
(Li em O Globo)