quarta-feira, dezembro 19, 2007

Harajuku style


Gosto da forma aloprada dos adolescentes japoneses se vestirem.

Cabaço

- Souza, querido, finalmente, Magali perdeu a virgindade.
- Até que enfim, Ernesto. Dezenove anos...
- Muito carola. Culpa da mãe.
- Agora, você é um pai realizado.
- Claro. Ela está que é uma felicidade só. Foi pro shopping, ontem. Voltou cheia de roupas.
- Mas, como foi? Ela te deu detalhes?
- Ela intermediou uma parada no escritório em que trabalha com um fornecedor. Ofereceram um por fora considerável e ela, esperta, embolsou.
- Cara, você está com os olhos brilhando.
- Souza, estou orgulhosíssimo. Na primeira porrada, a menina arrumou 30 mil.
- Caraio!!!
- Estou orgulhoso, mesmo. Ensinei a ela o caminho das pedras.
- Agora que perdeu o cabaço vai tomar gosto.
- Pode parecer precipitado, mas já vislumbro pra ela uma carreira na política.

quarta-feira, dezembro 12, 2007

Lilly Allen. Aiai!


Chumbregas

- Fim de ano. Tenho horror, bródi.
- Ficou pra você a organização do almoço?
- Ó! O homem faz questão que eu organize.
- Quer que eu acerte com o Jonas?
- Não. Acertei no Chumbregas.
- Bem mais em conta.
- 30% mais barato. Baré Cola à vontade. Bife prensado, arroz, farofa de banana e, talvez, umas batatinhas. O café levo na térmica.
- A turma vai gostar.
- Tô cagando. O homem vai. Isso é que vale.
- Você vai encarar o boião do Chumbregas?
- Nada. Vou almoçado. Tenho respeito pelo meu estômago.

segunda-feira, dezembro 10, 2007

Meus sobrinhos

Sempre penso que não vou embarcar mais nestas Kombi criminosas que rodam pelo Rio, mas ando sempre duro, ônibus não aparece e aí acabo me entregando pros malucos.
Sábado chuvoso, onze e pau, lá vem a Kombi velha e eu não titubeio.
Estamos eu, o piloto, o cobrador e uma jovem. Não há troco pros meus dois reais. Tudo bem, vou pro fim da linha. A bonitinha desce. A Kombi é só minha.
Primeiro ponto da José dos Reis, uma turma está saindo de um aniversário. Mulheres, homens, crianças, bolo, coca-cola, pastéis... O olho do piloto cresce. Com jeitinho cabe todo mundo, não vai ficar ninguém a pé. Entraram 18. Fui forçado a lucubrar: Há pouco a solidão, o vazio. Agora, a proximidade com outros humanos. Bundas, pernas, sovacos, dentes. Tudo tão próximo.
Faltou-me coragem para puxar a máquina e disparar. Seria foto pra prêmio.
Na Praça de Inhaúma desceram todos.
Sozinho de novo.
Aí tio, vai pra onde? Pro Boêmios. Vou precisar abastecer, tudo bem? Claro que estava tudo bem.
Valeu, tio.
Não é a Zilda, ali na frente? O cobrador, É. ZIIIILLLLDDDAA!!! Ô querido! Vai namorar? Só de segunda a sexta. Vamu num chope? Já é. Entra aí, só vou levar o tio no Boêmios.
Esses meus sobrinhos...

Silêncio é ouro

- Me separei do Geraldo.
- Por que, Dilma? Trinta anos...
- Você é um pouco culpada.
- Eu?!?
- Você o convenceu a fazer terapia.
- Dilma, você vivia reclamando que ele era muito fechado, não se abria.
- Vera, meu marido é uma besta. Calado, achava que era inteligente, profundo. Quando começou a falar, descobri o jumento que sempre foi.