terça-feira, setembro 11, 2007

Gordinha o cacete!

O homem de hoje, diante de Jane Fonda, em Barbarella, horrorizado diria: "Que monstra, que mulher enooooorme!"
Tudo bem, homem (?) de hoje, eu vivo no passado.
Cercado por Ava Gardner, Claudia Cardinale, Sophia Loren, Doris Day, Marilyn Monroe, Jane Fonda e, sim, uma fraqueza, a magricela Audrey Hepburn.

Grandes


Dois discos que não têm saído de meu cedepleier:
"Era vulgaris", do Queens of the Stone Age, e "Our love to admire", do Interpol.
À sua maneira, grandes, os dois.
Volto a falar sobre eles. Ou não.

Personal friend

Li na Folha de S.Paulo que tem gente pagando 50 pratas a hora por um personal friend.
O amigo pessoal bate papo com o cliente, vai ao shopping com o amiguinho e empresta o ouvido para o carente.
Eu, para ser personal friend de alguém cobraria muito mais. Tenho grande dificuldade de me aproximar de meus semelhantes, mas poria grande empenho em vencer essa limitação se fosse bem pago. Não gosto de humanos, mas adoro dinheiro.

O espectro

Assombrações, fantasmas, nunca acreditei nessas coisas, mas...
Há vinte e poucos anos fui com um amigo passar um fim de semana em uma cidade praiana. Jonas, todos os anos, passava as férias no que ele chamava de paraíso na terra. A cidade não me impressionou, as primas dele, sim. Entendi por que ali era o paraíso.
Sou cheio de defeitos, com uma qualidade: determinação. Aurora, a prima mais velha de Jonas, me encantou. Infelizmente, não tive oportunidade de conversar com ela. Por isso, uma semana depois voltei à cidade e disse a ela, sem rodeios, o que sentia. Começamos a namorar. Em três meses estávamos casados. Jonas foi o padrinho.
No período em que namorei Aurora, por três vezes Jonas me acompanhou nos fins de semana. Passava o dia na casa, conosco, à noite ia para um hotel. Eu dormia na casa e estranhava Jonas não fazer o mesmo. Aurora me explicou a razão: “Jonas nunca se acostumou com os fantasmas”.
“Você nunca viu nada, lá?”, me perguntou Jonas. Não, nunca. E continuei não vendo. Talvez por causa de Aurora.
Vivemos juntos seis anos intensos. Ela e as irmãs esbarravam nos espectros em todos os cômodos. Era só anoitecer. Estavam habituadas. “Eles não incomodam, só ficam nos olhando”.
Casamos, com dinheiro poupado, comprei uma lojinha e fui morar na casa assombrada. Os fantasmas, aparentemente, não viram em mim nada que valesse a pena olhar. Não me olhavam, eu não os via.
Uma madrugada, acordei para ir ao banheiro. Sentei-me na cama e à minha frente uma mulher me observava. Nossos olhares se cruzaram. Encarei-a sem medo, um pouquinho curioso. Ficamos ali, um de frente pro outro. Seu rosto, impassível, não transmitia nenhum sentimento. Pensei em acordar Aurora, mas para quê? Tornei a olhar a mulher, levantei-me, atravessei-a e fui mijar.