- Sr. Orestes?
- Sim.
- Doutor Penafiel, tudo bem?
- Doutor, o senhor que eu trouxe...
- Sr. Orestes, infelizmente, ele morreu.
- Mas ele chegou aqui, aparentemente, bem.
- A polícia está chegando. Vão fazer algumas perguntas ao senhor.
- Doutor, eu expliquei na recepção. Sou motorista de ônibus. Vi esse senhor caído em um ponto. Parei, perguntei se ele estava bem. Percebi que não estava e convenci-o a vir até aqui.
- O senhor tem alguma testemunha?
- Havia algumas pessoas no ponto. Quem estava no ônibus, uma meia dúzia de gatos pingados, desceu e não quis me acompanhar.
- Sr. Orestes, sua história está esquisita. O falecido não caiu dentro do ônibus?
- Não, eu peguei o velho na rua.
- Ninguém faz isso.
- Eu fiz.
- Bom, acho que o senhor vai pagar caro por isso. Olha, a polícia está chegando.
terça-feira, junho 12, 2007
sábado, junho 09, 2007
sexta-feira, junho 08, 2007
segunda-feira, junho 04, 2007
ZOÉ
Eu e Hernani gostávamos de Zoé.
Nunca brigamos por causa disso. Não tínhamos chance alguma com ela, então, por que brigar?
Zoé era uma graça. Cabelos pretos, olhos azuis, nariz atrevido.
Namorava um truculento e morava na Tijuca. Eram seus defeitos.
Hernani e eu andávamos do Grajaú à Tijuca para ficar de campana num boteco em frente ao prédio em que Zoé morava, na Conde de Bonfim. Sentávamos numa mesa do pé-sujo, pedíamos umas cocas e vigiávamos para ver se ela apareceria do outro lado da rua. Nunca apareceu.
Se aparecesse, nos esconderíamos.
Em sala de aula, sentávamos em ordem alfabética. Zoé, na minha frente; Sandra, sua irmã, atrás de mim. O grande momento de meu dia era quando ela se virava para me perguntar qualquer bobagem.
Graças a essa organização alfabética caí num grupo de trabalho de Zoé. Hernani ficou meio queimado, mas...
Na casa do objeto de nossa paixão, fiquei tão nervoso que devorei uma bandeja de salgadinhos.
Lembro-me disso e de ter levado uns cascudos dentro do elevador. Um bando de tijucanos degenerados os aplicou. Tenho impressão que o ódio que devoto à Tijuca nasceu aí.
Eu e Hernani fomos grandes amigos, em grande parte, por causa de Zoé.
Falávamos o tempo inteiro sobre ela.
Sonhávamos com ela.
É bom ter alguém com quem dividir um sonho.
Nunca brigamos por causa disso. Não tínhamos chance alguma com ela, então, por que brigar?
Zoé era uma graça. Cabelos pretos, olhos azuis, nariz atrevido.
Namorava um truculento e morava na Tijuca. Eram seus defeitos.
Hernani e eu andávamos do Grajaú à Tijuca para ficar de campana num boteco em frente ao prédio em que Zoé morava, na Conde de Bonfim. Sentávamos numa mesa do pé-sujo, pedíamos umas cocas e vigiávamos para ver se ela apareceria do outro lado da rua. Nunca apareceu.
Se aparecesse, nos esconderíamos.
Em sala de aula, sentávamos em ordem alfabética. Zoé, na minha frente; Sandra, sua irmã, atrás de mim. O grande momento de meu dia era quando ela se virava para me perguntar qualquer bobagem.
Graças a essa organização alfabética caí num grupo de trabalho de Zoé. Hernani ficou meio queimado, mas...
Na casa do objeto de nossa paixão, fiquei tão nervoso que devorei uma bandeja de salgadinhos.
Lembro-me disso e de ter levado uns cascudos dentro do elevador. Um bando de tijucanos degenerados os aplicou. Tenho impressão que o ódio que devoto à Tijuca nasceu aí.
Eu e Hernani fomos grandes amigos, em grande parte, por causa de Zoé.
Falávamos o tempo inteiro sobre ela.
Sonhávamos com ela.
É bom ter alguém com quem dividir um sonho.
domingo, junho 03, 2007
Sharapova, o dragão e 22 cabeças-de-bagre
Tarde de domingo, chuva, frio...
Na ESPN Brasil, Maria Sharapova e um dragão duelavam.
Eu, magnetizado, procuro as celulites da deusa.
Jogo duro, quebra de serviço de um lado e de outro. Sharapova, linda, lutava, gemia, me enlouquecia.
O locutor da ESPN Brasil, a todo momento, anunciava que logo após o embate entre bela e mocréia seria transmitida a sensacional partida protagonizada pelos poderosos escretes de Peru e Equador, diretamente de Madri. Jogo que eu não poderia deixar de perder.
Sharapova, como São Jorge, continuava sua peleja contra o dragão.
Jogo duro, quebra de serviço de um lado e de outro. Sharapova, linda, lutava, gemia, me enlouquecia.
O locutor da ESPN Brasil, a todo momento, anunciava que logo após o embate entre bela e mocréia seria transmitida a sensacional partida protagonizada pelos poderosos escretes de Peru e Equador, diretamente de Madri. Jogo que eu não poderia deixar de perder.
Sharapova, como São Jorge, continuava sua peleja contra o dragão.
O futebol, vá lá, começou.
De vez em quando, minha visão da bela era atrapalhada pelo quadradinho no cantinho da tela com imagens da pelada madrilenha.
Se ainda fosse a pelada russa.
O duelo não acaba e o louco locutor nos manda passar pro ESPN Internacional. Sharapova continuaria jogando por lá. Ali seria exibido o jogão para turistas peruanos e equatorianos em visita a Corruptolândia.
Corri para ver Sharapova no outro canal. Vi dois palhaços de raquete na mão.
O duelo não acaba e o louco locutor nos manda passar pro ESPN Internacional. Sharapova continuaria jogando por lá. Ali seria exibido o jogão para turistas peruanos e equatorianos em visita a Corruptolândia.
Corri para ver Sharapova no outro canal. Vi dois palhaços de raquete na mão.
Emputeci-me e zapeei.
Quando passei pela ESPN Brasil de novo, vi o final do jogo de Sharapova.
A emissora interrompera o jogo da divina para transmitir 10 minutos do final do primeiro tempo do inebriante futebol de várzea jogado por nossos vizinhos de continente.
Nesse intervalo de tempo, Sharapova cravou a lança no coração do dragão.
Nesse intervalo de tempo, Sharapova cravou a lança no coração do dragão.
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