sábado, setembro 23, 2006

Cornos

Cesinha era gente muito boa. Quando morreu, a vizinhança chorou.
Todos sabiam que sua mulher tinha um rolo com um engenheiro que morava no começo da rua.
O Cesinha sabia também. Se era do conhecimento de todos...
A mulher do engenheiro quis fazer um escândalo no velório do Cesinha. Disse que ia dar porrada na viúva.
Josefina arrastou-a pelo braço e sussurrou em seu ouvido: Amanhã você resolve a parada do jeito que quiser. Aqui exijo respeito ao Cesinha. A vida inteira que foi casado com essa vagabunda foi corno, mas era louco por ela. Depois que ele for enterrado, se quiser, arrumamos uma forma de reunir os três o mais brevemente possível.
A traída entendia Cesinha.
Só conseguiu dizer: Deixa pra lá, deixa pra lá.

sábado, setembro 16, 2006

Yeah Yeah Yeahs


Grande grupo.
Karen O é uma vocalista de respeito, mesmo sendo desrespeitosa.
Rock é atitude e ousadia.
Ando atrás do primeiro disco deles.
O que conheço, Show your bones, é ótimo.

Sua resposta vale um bilhão



Leitores profissionais, os críticos, precisam fundamentar seus comentários sobre determinado livro. Sou amador, compro meus livros, e aqui neste espaço não necessito ser coerente em meus pitacos.
Li um ótimo livro, Sua resposta vale um bilhão, do indiano Vikas Swarup (Companhia das Letras).
Um jovem fatura um bilhão em um programa de perguntas e respostas. Ignorante, a produção do programa não crê que ele pudesse saber as respostas das 12 perguntas que lhe foram feitas. Confrontado, o jovem diz, candidamente, que respondera àquelas perguntas por pura sorte.
Lá como aqui, a polícia já lhe dava umas porradas para descobrir como ele chegara às respostas.
Uma advogada o livra da polícia e o ouve contar sua vida e as 12 histórias que lhe deram as respostas para as perguntas do programa.
Vale o investimento em uma narrativa que mostra um pouco da cultura indiana e segue a cronologia das perguntas.

Amor

Tião estava apaixonado. A menina parecia corresponder, mas o pai marcava em cima. Como chegar na mina era o pensamento que virara obsessão na cabeça de Tião.
Leandro era fotógrafo. Fazia uns bicos pruma ong. Tinha livre trânsito na comunidade. O homem garantia. A ong dava uma força pros caídos da área.
Tião se chegou a Leandro. Leandro não se preocupou com o moleque carregando um fuzil maior que ele mesmo. Tava garantido pelo poder do movimento.
Aí, dá pra tirar umas fotos? Eu com as armas.
Tudo bem. Mas não vai sujar se cair em mãos erradas?
Você revela pra mim. Vou mostrar pro pai de uma mina que tô afim. O pai dela, quando sacar que eu tenho responsa, vai liberar.
Faz a pose. Tudo em nome do amor.

quarta-feira, setembro 13, 2006

Masoque

Sou cavalo de Masoque.
Tem manhã que ele incorpora e eu, em vez de ir para o trabalho de metrô, embarco no ônibus. Troco 15 minutos de suruba por mais de uma hora de agonia.
60 minutos com gente feia, fedorenta.
O ônibus se arrasta e Masoque comigo.
No superengarrafamento da Brasil, Masoque sobe. Me deixa sozinho. Gosta de sofrer, mas gosta mais de uma sacanagem.
Rio, purgatório da beleza e do caos, quase geme Fernandinha.
Pra mim restou o caos.
Masoque é um puto.