sexta-feira, dezembro 16, 2005

Lucinha

Lucinha. Papai tinha tanto orgulho dela. Era bonita, mas não só. Era inteligente. Simples, dócil, doçura de menina. Aos 14 vai dar trabalho. Não deu. Dezoito é a fase terrível. Não foi. Aos 20, se prepare... Os namorados, todos ótimos. Nunca se apaixonou de perder a direção. Pai, eu e Ernesto resolvemos nos casar. Que bom, filha. O Ernesto é um grande garoto. Já vimos a casa, fica a um quarteirão. Posso vir sempre vê-lo. Se preocupa comigo não, filha. Pai, tenho notado o senhor tristonho. É por causa do casamento? Não, filha. Pode parecer bobagem, mas gostaria que você tivesse me dado mais trabalho.

Mandona


Quando era garoto esperava ansiosamente o lançamento dos discos de meus grupos musicais preferidos. Saía um novo álbum dos Beatles ou dos Rolling Stones e eu pedia a meu pai que comprasse. Durante o dia, ligava pra ele várias vezes. À noite, o disco rodava no vitrolão.
A janela de minha casa dava direto para a rua. Era o disco começar a tocar e amigos e amigas se chegavam para ouvir e dançar. Bons tempos.
Ouço, no momento em que escrevo, Confessions on a dance floor, o novo CD de Madonna. Normalmente, não compro discos dela. Tenho apenas Ray of light e, agora, este. Se Madonna tivesse construído a carreira em cima de discos como estes dois estaria entre as deusas do pop.
Não foi assim, mas ter feito dois discos como esses já a põem em lugar de destaque, bem acima de jovens lixos que posam de gênios.