sábado, junho 22, 2013

MEMÓRIA LIBIDINOSA

Nada mais poderoso do que a memória libidinosa.
Livros e bons filmes, passados alguns meses, esqueço.
Mas a sacanagem e a libidinagem apreendidas na remota adolescência são inesquecíveis.
Baixei pelo Dreamule o clássico de Salvatore Samperi, Peccato veniale. Vi o filme há 40 anos, num poeira onde hoje está o Sambola, na Av. Suburbana. Ver é força de expressão. Devorei-o. Naqueles bons tempos podia-se entrar no cinema às duas da tarde e sair à meia-noite, depois de ver várias sessões do mesmo filme. Assisti a Pecado venial em várias sessões e em diversos dias. Tudo por causa de Laura Antonelli.
Minha mãe era leitora de fotonovelas que, em sua maioria, vinham da Itália. História com Laura Antonelli eu não perdia. Lia a Grande Hotel, da Editora Vecchi, antes de minha santa mãezinha, babando pela Antonelli.
Quando a vi em tela grande, pedi aos poderes celestes que não permitissem que jamais a encontrasse em pessoa. Tenho certeza que sucumbiria diante dela.
O Dreamule baixou quatro versões de Pecado venial. Assisti-as. Logo na primeira cena mais quente percebi um pequeno corte. Alessandro Momo, o garoto sacana que papará a cunhada no final, lava o cabelo de Laura. A cena original mostra parte dos seios da deusa. Nesta versão, a cena está cortada.
Na segunda versão, a artística cena, dentro do cinema, em que o menino safado força a mão nas coxas da cunhada é mutilada. Não aparece a cunhadinha dando livre acesso às mãos do molequinho.
A terceira versão, com legendas em sei lá qual idioma, estava completíssima. Vi, 40 anos depois, o pivete traçar Laura Antonelli em alto estilo. Não tive esse prazer há 40 anos porque o filme teve a cena final cortada pela Ditadura Militar, da qual alguns babacas sentem saudade.
Minha memória pode não ser boa para muita coisa, mas descobri que sacanagem ela armazena muito bem.


P.S.: Quando falo que o filme continha cenas de sacanagem é força de expressão. A novela das 18h, hoje, tem muito mais libidinagem do que os filmes “pesados” de outrora.

Um comentário:

elienar disse...

Tatá, você é um grande escritor. Leio as suas coisas e consigo me reportar a tal situação e momento... kkkk Sorte sua que não sou desenhista...