sábado, janeiro 30, 2010

SOLUÇÃO FINAL



Fanático por histórias em quadrinhos, Sebastião Silva resolveu criar um alterego: o Solução Final.
Precisava definir o uniforme, desenvolver habilidades e estabelecer os alvos de sua cruzada anticrime.
Sua inspiração era The Punisher, de Garth Ennis. Sebastião não tinha superpoderes, o Justiceiro também não. O herói carniceiro desenvolveu talento para matar e só o fazia em nome de um senso de justiça torto, mas muito popular. Quem não quis justiçar um criminoso qualquer, pelo menos nas grutas da mente? Era com isso que Sebastião contava para que Solução Final se tornasse um justiceiro popular.
Sebastião era homem de 1,85m, forte, zeloso com o corpo. Praticava jiu-jitsu há muitos anos e angariou prestígio como lutador de caratê. Reconhecia que com armas de fogo não era muito bom, mas sempre podia melhorar.
O uniforme, então, em homenagem à sua inspiração, seria preto. A figura no peito, uma onça estilizada. Boca aberta, as presas arreganhadas. Consultaria alguém do ramo para ajudá-lo.
Seus alvos seriam os corruptos. Não se preocuparia com assassinos, estupradores, ladrões comuns. Só combateria corruptos. A primeira ideia que lhe veio à mente foi usar como assinatura a decapitação dos corruptos justiçados. Depois pensou e achou que seria exagerado. Talvez pescoços quebrados fossem bons como marca de que aquele corrupto fora morto por ele e com a vantagem de poder usar seus conhecimentos de artes marciais.
Uniforme, habilidades e alvo estavam definidos.
Outra coisa que emprestaria de o Justiceiro seria o veículo para se deslocar: uma van. Claro que com película nas janelas. O povo estranharia um homem fantasiado dirigindo pela cidade. Bem, talvez não, mas para que arriscar?
Todo herói tem um amigo que sabe tudo sobre ele. Mais do que saber, o ajuda em sua missão. Esse auxiliar, normalmente, é exímio conhecedor de computadores e invade máquinas alheias para ajudar o herói. Sebastião nem amigos tinha. Entre os conhecidos, nenhum preenchia os requisitos que julgava fundamentais para ser um bom ajudante de herói. Pensaria nisso mais para frente.
A mulher não poderia saber de nada. Ela já implicava de ele gastar tempo lendo quadrinhos. “Sebastião, você é mecânico. Procure ser um excelente mecânico. Estude, em vez de perder tempo lendo gibis e lutando com marmanjos”, era o nhenhenhém constante dela. Se não fossem os filhos... A mulher não compreendia que ele era um predestinado. Veio ao planeta com uma missão. Não sabia qual era até bem pouco tempo. Agora, sabia: matar corruptos.
Seria, no início, um herói solitário. Com alguma fama, depois de eliminar três ou quatro, quem sabe não despertaria em alguém o desejo de participar da nobre pugna.
Adorava esta palavra: pugna. Aliás, o primeiro nome que pensou em adotar foi Pugnador. Aí, matutou, ninguém vai saber o que quer dizer. De repente, surgiu em sua mente o Solução Final. Nem sabia se existia algum herói ou mesmo vilão com esse nome, mas por que se preocupar com isso? Se fosse publicar uma HQ, tudo bem, haveria os direitos autorais, blablablá. Ia usar o nome em um herói de verdade, carne e osso, podia chamá-lo como quisesse. Foolkiller, o matador de idiotas, outro nome forte. Não, Solução Final estava legal.
2009 foi o ano da preparação intensa. Selecionou alvos, desdobrou-se para atender a família, fez alguns cursos de mecânica para satisfazer a mulher e melhor preparar-se para empreender a missão de sua vida e adquiriu todo material que julgava necessário possuir a fim de eliminar corruptos com eficiência.
2010 será o ano da mudança, acredita. Sebastião estava louco para entrar em ação, mas a mulher queria passar o carnaval em Cabo Frio. Estava trabalhando como louco para levantar dinheiro. Iam alugar uma casa por 10 dias. O cunhado, como sempre, iria na aba com mulher e três filhos. A sogra estaria lá.
O Solução Final começaria os trabalhos depois do carnaval. Os corruptos não perdem por esperar. 

2 comentários:

Anônimo disse...

sei lá, Uta. dessa vez vou ficar pelo elogio à notiça: q capa! tenho acompanhado pouco HQs para o q já acompanhei, mas estou à espera do minha coleção "The Depth: Namor, The Submariner", que a esta altura está algures entre os EUA e S. Salvador da Bahia.

Anônimo disse...

hahahahahahah... puta merda, depois do carnaval nosso herói operário vai se desdobrar para comprar material escolar e atender a madame em seus anseios turísticos na semana santa, trocar lâmpadas, consertar quinquilharias eletrônicas da casa e tentar, de uma vez por todas, instalar aquela merda daquele condicionador de ar na janela do quarto... quando finalmente estiver livre para o combate, fudeu, é hora de votar em uma "nova" safra de pilantras. rsrsrssss