domingo, outubro 11, 2009

O voo dos urubus


A primeira vez que vi urubus de perto, criança ainda, foi em Macaé.
Aqui no Rio via-os no céu.
Há alguns metros de distância o bicho é horroroso.
O bom flamenguista tem simpatia pelo carniceiro. As torcidas rivais sacaneavam os rubro-negros chamando-os de urubu em alusão ao grande contingente de afrodescendentes que compunham a maior torcida do Brasil. Hoje, essas torcidas seriam enquadradas na lei, por racismo.
No final da década de 60, um maluco soltou um urubu no campo. Jogavam Flamengo e Botafogo. Hoje, o Flamengo ganha o Botafogo a toda hora. Naquela época, perdia sempre. Fim de jogo, Flamengo 2 a 1. Henfil popularizou o urubu no Jornal dos Sports e o “lixeiro dos ares” virou mascote da massa flamenguista.
Sempre levo no bolso, em minhas caminhadas aqui na serra, a máquina fotográfica. Pode aparecer um gamo, um tucano e gosto de estar pronto para captar esses mágicos instantes que a Serra de Inhaúma proporciona.
Semana passada, esbarrei com um bando de urubus fazendo a refeição matinal. Contei 23. Enfiei a mão no bolso e percebi que havia esquecido a máquina. Segui na caminhada. Uns 100m à frente, outro grupo de urubus. Parei e fiquei olhando.
É um bicho feio. Brigam muito entre eles por um naco de comida. São agressivos. Andam desengonçadamente. Basta, no entanto, que levantem voo para se tornarem aves graciosíssimas. Observei-os, durante algum tempo, fazendo voos rasantes do alce morto (bala perdida, sacumé) até a zebrinha desencarnada. É lindo. Nada voa como um urubu.
É isso que me dá esperança de o Flamengo chegar ao G4 e ao título.
Os urubus levantaram voo.

Um comentário:

Anônimo disse...

hahahahahaha.... show de bola, gordo. A propósito: Serra é eufemismo maravilhoso, chega a dar ares bucólicos... rsrsrsrsrsrs