
Tenho comprado, regularmente, os CDs dos Beatles que saíram remasterizados e em embalagens caprichadas. A coleção é preciosa. Preciosíssima para quem, como eu, viveu a Beatlemania.
Sempre fui pobre. Pobre de bom gosto, mas pobre. Sortudo, tive pai que apreciava livros e música. Saía algo novo, eu ligava para o trabalho dele e, se houvesse dinheiro, no dia seguinte a bolacha estava rodando na Telefunken.
O primeiro disco dos Beatles que ouvi, ganhei de meu pai: Help! Não a edição inglesa, remasterizada agora, mas a que saiu aqui, a norte-americana.
A percepção que tenho dos Beatles é a da paixão pura. Adolescente não se preocupa com opinião de críticos. Não fui diferente. Influência só da rodinha.
Hoje em dia, por mais que tente ignorar a turminha que é paga pra veicular opiniões pessoais, não poucas vezes me vejo impelido a comprar CDs como um zumbi, manipulado por um bosta dono de bom texto.
Sentia prazer ouvindo Beatles. Participava de fã-clube. Falávamos sobre as novas músicas, dissecávamos os LPs. Aos 14 é ótimo ser ingênuo, apaixonado, inflamado. Aliás, não ser é um desperdício.
O pouco dinheiro está me obrigando a comprar os CDs um a um. Ótimo.
Há alguns meses, com os bolsos cheios, recém-saído da Penitenciária Covil de Serpentes, encontrei na Modern Sound quase todos os discos do Steely Dan. Como os dos Beatles, tinha-os em vinil. Sem toca-discos, há muitos anos não os ouvia. Aproveitei, então, a oportunidade e comprei todos de uma vez. Não os curti como esperava.
Os Beatles foram um fenômeno mundial e, sim, em determinado momento a bravata de John Lennon fez todo o sentido: eram mais populares do que Jesus Cristo.
Ser contemporâneo de um fenômeno não faz de ninguém o melhor crítico. Muita coisa sobre os Beatles soube muito depois. Viver a época de um fenômeno, no entanto, nos proporciona satisfação inigualável. Estávamos lá quando começou, fomos envolvidos por um sentimento de nossa geração. Amor de adolescente, sacumé.
Os Beatles nunca vieram ao Brasil. Quem apareceu por aqui foram os American Beatles. No Brasil, havia o Brazilian Beatles. Imagine, hoje, um American U2. E vindo a Lulalândia para consolar os fãs, tocando em lugar dos originais. Não dá para imaginar. É clichê, mas aqueles eram outros tempos.
Em tempos de ócio, ouvir os Beatles, de novo, tem me feito muito bem. Tenho a coletânea 1, com os singles do quarteto. Comprei Love, que foi usado num espetáculo do Cirque du Soleil. Consegui encontrar, no começo da década, Sgt. Peppers e Abbey Road, mas minhas paixões eram o Álbum Branco e Revolver. Comprei-os, finalmente.
Meu pai viveu, certa época, uma fase muito difícil. Não tinha ânimo para nada. Lia o dia inteiro e ouvia óperas. Todos nós o criticávamos. Na época, não se falava em depressão como doença. Ainda hoje, há tapados que a consideram um problema espiritual.
Ele é que estava certo. Sobreviveu por isso. O legado que me deixou foi o amor pela música e pelos livros... e aquele disco dos Beatles, início de minha vasta coleção de 4 mil vinis e, hoje, 5 mil CDs. Muita coisa prum pobre que mora num quarto e sala com esposa, cachorra e mais uns 3 mil livros.
Pobre, sim. Burro, jamais.
Sempre fui pobre. Pobre de bom gosto, mas pobre. Sortudo, tive pai que apreciava livros e música. Saía algo novo, eu ligava para o trabalho dele e, se houvesse dinheiro, no dia seguinte a bolacha estava rodando na Telefunken.
O primeiro disco dos Beatles que ouvi, ganhei de meu pai: Help! Não a edição inglesa, remasterizada agora, mas a que saiu aqui, a norte-americana.
A percepção que tenho dos Beatles é a da paixão pura. Adolescente não se preocupa com opinião de críticos. Não fui diferente. Influência só da rodinha.
Hoje em dia, por mais que tente ignorar a turminha que é paga pra veicular opiniões pessoais, não poucas vezes me vejo impelido a comprar CDs como um zumbi, manipulado por um bosta dono de bom texto.
Sentia prazer ouvindo Beatles. Participava de fã-clube. Falávamos sobre as novas músicas, dissecávamos os LPs. Aos 14 é ótimo ser ingênuo, apaixonado, inflamado. Aliás, não ser é um desperdício.
O pouco dinheiro está me obrigando a comprar os CDs um a um. Ótimo.
Há alguns meses, com os bolsos cheios, recém-saído da Penitenciária Covil de Serpentes, encontrei na Modern Sound quase todos os discos do Steely Dan. Como os dos Beatles, tinha-os em vinil. Sem toca-discos, há muitos anos não os ouvia. Aproveitei, então, a oportunidade e comprei todos de uma vez. Não os curti como esperava.
Os Beatles foram um fenômeno mundial e, sim, em determinado momento a bravata de John Lennon fez todo o sentido: eram mais populares do que Jesus Cristo.
Ser contemporâneo de um fenômeno não faz de ninguém o melhor crítico. Muita coisa sobre os Beatles soube muito depois. Viver a época de um fenômeno, no entanto, nos proporciona satisfação inigualável. Estávamos lá quando começou, fomos envolvidos por um sentimento de nossa geração. Amor de adolescente, sacumé.
Os Beatles nunca vieram ao Brasil. Quem apareceu por aqui foram os American Beatles. No Brasil, havia o Brazilian Beatles. Imagine, hoje, um American U2. E vindo a Lulalândia para consolar os fãs, tocando em lugar dos originais. Não dá para imaginar. É clichê, mas aqueles eram outros tempos.
Em tempos de ócio, ouvir os Beatles, de novo, tem me feito muito bem. Tenho a coletânea 1, com os singles do quarteto. Comprei Love, que foi usado num espetáculo do Cirque du Soleil. Consegui encontrar, no começo da década, Sgt. Peppers e Abbey Road, mas minhas paixões eram o Álbum Branco e Revolver. Comprei-os, finalmente.
Meu pai viveu, certa época, uma fase muito difícil. Não tinha ânimo para nada. Lia o dia inteiro e ouvia óperas. Todos nós o criticávamos. Na época, não se falava em depressão como doença. Ainda hoje, há tapados que a consideram um problema espiritual.
Ele é que estava certo. Sobreviveu por isso. O legado que me deixou foi o amor pela música e pelos livros... e aquele disco dos Beatles, início de minha vasta coleção de 4 mil vinis e, hoje, 5 mil CDs. Muita coisa prum pobre que mora num quarto e sala com esposa, cachorra e mais uns 3 mil livros.
Pobre, sim. Burro, jamais.
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