- Raul, querido, sua panturrilha está fantástica. Proporções ótimas,
carnatura densa, musculosa, ao mesmo tempo delicada. Delicada e viril.
- Dudica, estou com o Tarlis Bars como personal. Esta panturrilha é
obra dele.
- O Bars é uma fortuna.
- Ele tem uma quedinha por mim. Me examinou e me encaixou 15 dias
depois na agenda dele.
- Que raiva!!!
- Ele foi duro comigo. “Raul, que assimetria é essa? Panturrilha sem
densidade, esmaecida; coxa sem definição; abdômen com gomos sem paralelismo
acentuado. E o seu tórax? Meu alfajor, o que dizia Don Taylor sobre a relação
tórax/abdômen? Mas, vou dar um jeito. Em nome de nosso passado.”
- Trabalho de alguns meses, Raulzinho. Não malho aqui há uns três
meses.
- Notei.
- O quê? Viajei, fiquei uns tempos fora. O Johnny precisou dar uma
parada estratégica e fomos dar um giro pela Ásia. Mas não estou gorda.
- Não disse isso.
- Seu olhar.
- Você está grande.
- Não estou gorda. Meu problema é a falta de definição. Minha
barriga está chapada. Perna sem celulite. Tá vendo? E a bunda, e a bunda? Olha
bem. Durinha. Aperta, porra. Só preciso definir.
- Em dois meses fica legal, Dudica.
- Tudo culpa do Johnny. Inventou da gente circular só por países escrotos.
Afeganistão, Bangladesh, Iêmen, Irã, Butão, Nepal, interior da China e outras
merdas. “Quando estivermos com os amigos vamos falar de lugares em que eles
nunca foram. Vão querer morrer.” Quem quer falar que foi ao Iêmen? Agora, tô sem
definição.
- Quer o Bars emprestado este mês?
- Só se você pedir a ele pra não ser mau comigo. Peça pra ele não
dizer que estou gorda.
- Pode deixar. Você está sem definição, mas vai ficar ótima. Se não
acredita, olhe minha panturrilha.
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