quinta-feira, janeiro 28, 2010

CONEXÃO


Crédulo ficou novamente sem Internet. OI Velox, sacumé. Teclou 10331, passou pelas máquinas e ouviu:
– Boa tarde, Marília, em que posso ajudá-lo?
– Ô, Marília, é Crédulo.
– Querido, tô chateada. Ontem, você não quis falar comigo?
– A Inês atendeu, ficava chato te chamar. As meninas, como estão?
– Vão bem, querido. A maiorzinha tá gripadinha, mas não é nada demais.
– Uberlândia, sempre progressista?
– Ó! Você precisa aparecer por aqui.
– Qualquer dia apareço. Marília, é o seguinte: continuo sem Internet.
– Chato, né? Vou te passar pro suporte técnico.
– O Jairo tá lá, agora?
– Não, saiu de férias. Ele estava precisando. O clima em Feira de Santana tá pesado. Muita gente reclamando. Isso esgota a gente.
– Ai, quem será que vai me atender? O Jairo nunca resolveu meus problemas, mas ele é atencioso.
– Vou te encaminhar pra Elisa. É gente boa.
– Obrigado. Dá um abraço no pessoal. Amanhã devo ligar de novo.
Crédulo creu que seu problema seria resolvido. Se não fosse, ao menos conheceria alguém novo. Desde que sua Internet, dia sim outro também, saiu do ar travou camaradagem com muita gente da OI Velox. Amigos mineiros, baianos, capixabas, manauaras... Nenhum deles fez o Velox voltar, mas aí também era querer demais.
– Elisa, em que posso ajudá-lo?
– Elisa, estou sem Internet há uma semana. Na realidade, há três meses minha conexão é intermitente. Em média, tenho Internet dois dias por semana.
– O senhor sabe que isso não é ruim? Há muitas pessoas se isolando do mundo por causa de Internet. Deixam de interagir com pessoas reais e se envolvem com personagens virtuais. Digo personagens porque...
– Elisa, por favor, uso a Internet a trabalho. Os clientes me passam serviço por email.
– Perdoe-me a indiscrição: o senhor tem clientes fora da sua cidade?
– Não, mas...
– Então, senhor, por que não manter contato direto com eles? É ótimo quando mantemos relacionamentos olho no olho. Até mesmo os profissionais. Para que Internet? As pessoas estão acomodadas. Não saem de casa. Pedem tudo pela Internet.
– Sei que você está sendo gentilíssima comigo, mas o Rio de Janeiro é cidade grande. O que você me sugere é inviável. E, afinal de contas, pago mensalmente à OI Velox a prestação desse serviço.
– O senhor faz muito bem. É o que sempre digo, vale a pena sermos corretos no pagamento de nossos compromissos.
– Mas precisa haver a contrapartida que, neste caso, é a prestação do serviço.
– O senhor contratou que velocidade de acesso?
– 1 mega.
– Que tal passar para 4 megas? Estamos com uma promoção fabulosa.
– Eu estou sem conexão.
– O senhor me disse que em dois dias da semana há conexão.
– É, às vezes.
– Então, senhor, nesses dois dias a conexão será quatro vezes mais rápida.
– Elisa...
– Crédulo. Posso chamá-lo assim? A Marília me disse que você é um bom amigo.
– É verdade. Falo mais com ela do que com minha mulher.
– Crédulo, vai por mim, não perca essa promoção.
– Tudo bem. Falo com você?
– Não. Vou te passar pro Juan. Não estranhe o sotaque. Nosso departamento de vendas é em Assunção, no Paraguai.

Um comentário:

Anônimo disse...

ahahahhahahahahahahahhahahahahahahahhahahahaha.... definitivamente, tu é maluco, gordo. rsrsrsrsrsrsss