quinta-feira, dezembro 17, 2009

Alexandre Castro deve fechar Alegria na Rua


Quadrilhas de meninos malabaristas têm assaltado motoristas nos semáforos da Zona Sul do Rio de Janeiro. Os furtos não causaram dissabor apenas às vítimas. O professor Alexandre Castro está triste. Ele que nem automóvel possui, preocupado, sempre, com a emissão de carbono na atmosfera. A preocupação justifica-se.
Há 15 anos, Castro criou a ONG Alegria na Rua. O objetivo da ONG era treinar meninos malabaristas para atuar em semáforos. Os aprendizes distrairiam a população, receberiam pequena ajuda de custo e depois seriam inseridos no mercado de espetáculos circenses.
A iniciativa teve tanto sucesso que logo os cariocas viam em praticamente todos os sinais, ou semáforos como prefere o paulistano Castro, meninos fazendo malabarismo com laranjas.
Obviamente, nem todos os meninos malabaristas são egressos da Alegria na Rua. Motivadas, no princípio, pela oportunidade de ganhar algum trocado, crianças despreparadas aproveitaram-se da boa ideia da ONG e espalharam-se pelos cruzamentos cariocas.
O prof. Alexandre Castro, em entrevista à revista Veja, truculento semanário da capital sertaneja, alertava: “Essas crianças passam o dia na rua, são exploradas por adultos, não frequentam escola. Temo que, no futuro, insufladas por degenerados que as exploram, cometam o ato vil de surrupiar os bens e, quiçá, tirar a vida de incautos”. Os fatos comprovam o vaticínio do mestre.
A Alegria na Rua sempre se preocupou em manter seus meninos equilibristas na escola. As crianças estudam na parte da manhã, almoçam (comida vegetariana, como orienta o mentor da ONG) e saem para as ruas. Castro informa: “47% dos meninos equilibristas treinados por nós conseguem colocação em circos do Rio de Janeiro. Muitos foram convidados para trabalhar em outros Estados. Nosso grande orgulho são os Orange Family, três garotos que estão impressionando o mundo atuando no Cirque Du Soleil”.
O prof. Alexandre Castro conclui informando, ainda, que toda a estratégia da Alegria na Rua será repensada. “Verei se vale a pena prosseguir. A ideia original já estava sendo deturpada. Nunca foi intenção nossa estimular a mendicância. Sempre quisemos formar cidadãos autossustentáveis, verdes, vegetarianos, amiguinhos da camada de ozônio. Se perceber que isso não será possível, prefiro encerrar o trabalho da Alegria na Rua”.

Um comentário:

Anônimo disse...

Você é um grande gozador. Só li hoje.Grande abraço, Alexandre Castro.