quinta-feira, agosto 22, 2013

UM ESQUISITO MUITO ESPERTO



David Rees era humorista político. E dos bons. Desde os atentados de 11 de setembro Rees criticava George Bush. Seus quadrinhos “Get your war on”, no entanto, chegaram ao fim com a vitória de Barack Obama nas eleições de 2008.
Rees falou a O Globo: “Não tinha mais o personagem Bush para brincar, e eu queria fazer algo menos intelectual e mais manual”.
Sempre apaixonado pelo lápis, seu principal instrumento de trabalho como desenhista, sua profissão futura parecia estar encaminhada. Trabalhou antes como recenseador. Preenchia os formulários munido de lápis e apontador.
“Foi como voltar no tempo. A sensação era a mesma que sentia quando ia à escola. Assim que acabei o recenseamento decidi abrir meu próprio próprio negócio: apontar lápis”, diz Rees.

Rees preparou-se e especializou-se em várias técnicas para apontar lápis. (Nós, os mais idosos, imaginávamos que havia apenas uma técnica: enfiar o lápis no buraco do apontador e girá-lo. Os não tão novos ignoram o que é lápis e apontador; usam lapiseira. Os novíssimos não sabem mais usar esses instrumentos rudimentares.)
Hoje, David Rees tem ateliê no Vale do Hudson, em Nova York, e vai muito bem.
“Entre meus clientes há artistas, professores e mães que querem que os filhos cheguem ao primeiro dia de aula com lápis perfeitos. Mas há quem veja meus lápis como esculturas e prefira exibi-los na prateleira.”
David cobra entre 35 e 40 dólares para apontar lápis, que são entregues em tubinhos de plástico e com certificado de garantia. Entre os clientes de Rees, a escritora Elizabeth Gilbert (Comer, rezar e amar) e o cineasta Spike Jonze (Quero ser John Malkovich).
David Rees me inspirou. Já penso em abandonar o jornalismo e me transformar em vinyl cleaner.

(Fonte: O excêntrico Sr. Lápis, O Globo, Caderno Ela, p. 3, 25/5/2013)


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