David
Rees era humorista político. E dos bons. Desde os atentados de 11 de setembro
Rees criticava George Bush. Seus quadrinhos “Get your war on”, no entanto,
chegaram ao fim com a vitória de Barack Obama nas eleições de 2008.
Rees
falou a O Globo: “Não tinha mais o personagem Bush para brincar, e eu queria
fazer algo menos intelectual e mais manual”.
Sempre
apaixonado pelo lápis, seu principal instrumento de trabalho como desenhista,
sua profissão futura parecia estar encaminhada. Trabalhou antes como
recenseador. Preenchia os formulários munido de lápis e apontador.
“Foi
como voltar no tempo. A sensação era a mesma que sentia quando ia à escola.
Assim que acabei o recenseamento decidi abrir meu próprio próprio negócio:
apontar lápis”, diz Rees.
Rees
preparou-se e especializou-se em várias técnicas para apontar lápis. (Nós, os
mais idosos, imaginávamos que havia apenas uma técnica: enfiar o lápis no
buraco do apontador e girá-lo. Os não tão novos ignoram o que é lápis e
apontador; usam lapiseira. Os novíssimos não sabem mais usar esses instrumentos
rudimentares.)
Hoje,
David Rees tem ateliê no Vale do Hudson, em Nova York, e vai muito bem.
“Entre
meus clientes há artistas, professores e mães que querem que os filhos cheguem
ao primeiro dia de aula com lápis perfeitos. Mas há quem veja meus lápis como
esculturas e prefira exibi-los na prateleira.”
David
cobra entre 35 e 40 dólares para apontar lápis, que são entregues em tubinhos
de plástico e com certificado de garantia. Entre os clientes de Rees, a
escritora Elizabeth Gilbert (Comer, rezar e amar) e o cineasta Spike Jonze
(Quero ser John Malkovich).
David Rees me inspirou. Já
penso em abandonar o jornalismo e me transformar em vinyl cleaner.
(Fonte: O excêntrico Sr. Lápis,
O Globo, Caderno Ela, p. 3, 25/5/2013)
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