quarta-feira, setembro 01, 2010

SORTE



– É, Ivone, eu estava errado.
– Querido, erramos os dois. Não pensei do Paulinho nos dar essa boa vida. Casa, carro, bairro bacana.
– Com 13 anos parou de estudar.
– Ficava o dia inteiro atrás de mim. Só queria varrer, fazer limpeza na cozinha, banheiro. Achei até que ele era doido.
– Bem que você gostava...
– Os outros três estudaram, fizeram faculdade.
– E estão na merda. De vez em quando me espetam.
– O Paulinho sempre nos ajuda.
– Quem diria, o moleque tinha tudo pensado. Virou o bambambã da faxina, se mandou pros EUA e hoje está rico.
– Não tem desentupidor de latrina melhor do que ele.
– O moleque me dá orgulho. Tá mostrando pros gringos o valor do brasileiro. Encaramos cagalhões com um sorriso no rosto.
– Nossa Cacildinha, em vez de fazer Comunicação, poderia ter aprendido a barbear pentelho. Estaria rica em Miami.
– Gênio, na família, um só. Demos sorte.

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