quarta-feira, setembro 15, 2010

CINQUENTÕES

Na Warner, chegou ao fim a primeira temporada de Men of a certain age.

Talvez pelo tema, homens beirando os cinqüenta anos e suas realizações/decepções, o seriado me pegou e entusiasmou. Nenhum outro foi acompanhado por mim com tanto interesse neste ano de 2010. Por ser fissurado em tv, acompanho muitos seriados (melhor do que perder tempo com os bundões da política), mas o drama bem-humorado criado por Mike Royce e Ray Romano arrebatou minha preferência.
Ray Romano criou uma das melhores comédias de situação que assisti: Everybody loves Raymond. Em Everybody, elenco precioso, roteiro simples e criativo (simplicidade não é pra qualquer um) conjugados a direção exata produziram um seriado clássico que deixou saudade. Agora, com Men acerta de novo.
Men são três amigos (Ray Romano, Andre Braugher e Scott Bakula) vivendo os problemas da meia idade.

Joe (Ray Romano), recém-divorciado, tem dois filhos. Seu casamento acabou, principalmente por seu vício no jogo. Obsessivo, ansioso, compulsivo vê esses defeitos que atravancaram sua vida se reproduzirem no filho pré-adolescente. (Braeden Lemasters, o jovem ator que representa seu filho na série é excepcional.) Joe poderia ter sido um jogador de golfe de primeira linha. Não seguiu carreira por não suportar pressão.

Terry (Scott Bakula) é o solteirão boa pinta que pega a mulherada. Ator que não deu lá muito certo, vive de bicos e, aparentemente, leva vida mansa. As reflexões de seu personagem em mais de um momento calaram fundo nesse meu coraçãozinho sentimental. Sempre animado, chega ao final da primeira temporada convicto de que o papo de seguir o sonho é furadíssimo. O grande problema é que pouca gente sabe quando desistir do sonho (os que sonham, claro) e passar a viver no mundo real.
Owen (Andre Braugher) é casado, três filhos, bem resolvido no matrimônio. Só no matrimônio. Trabalha como vendedor na concessionária do pai, um ex-craque de futebol. Oprimido pelo pai, Owen vê-se, aos 50 anos, sem muitas alternativas profissionais.
Men of a certain age, no entanto, é principalmente uma série de exaltação à amizade masculina. Homens fazem amigos na entrada da adolescência. Amigos que não são esquecidos.
O ritual dos três amigos que caminham todos os dias, reduzem os dramas uns dos outros a uma piada e sempre guardam para si os problemas que lhe afligem a alma é tipicamente masculino. Mulheres expõem as entranhas. Homens, jamais.
Amigos ouvem, tentam ajudar sem a babaquice do aconselhamento, aceitam as diferenças comuns entre humanos e esforçam-se em manter a leveza no relacionamento. A amizade dos personagens de Men of a certain age é igual à de homens de meia idade de todo o mundo.
Séries norte-americanas se não atingem uma certa meta de audiência são canceladas, inapelavelmente. Men of a certain age já tem uma segunda temporada garantida. Se não tivesse, o espectador não ficaria desapontado. Mike Royce e Ray Romano fecharam o primeiro ano sem deixar ganchos para o próximo.
O gancho de Men of a certain age é a qualidade da série. Quem viu o primeiro ano verá o segundo. Tenho certeza disso. 


Outras séries bacanas: Breaking bad; Fringe; Dexter; Chuck; Drop dead Diva; Justified (apesar da dublagem tenebrosa)

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