terça-feira, março 16, 2010

EQUÍVOCO


Aos 20 anos, ingressei em uma igreja evangélica. Na mesma época, comecei a trabalhar como revisor de textos no Jornal do Brasil. Os dois episódios me levaram a ver o mundo de forma equivocada.
Na igreja, por duas décadas, ouvi David Malta Nascimento pregar.
Sermões com começo, meio e fim.
Introdução que antecipava o que ouviríamos e, simultaneamente, apresentava visão panorâmica sobre o que seria exposto. No desenvolvimento, o tema era dissecado, o texto bíblico examinado com profundidade e as aplicações para a vida apresentadas com clareza.
A conclusão concluía. Esta frase parece óbvia, mas não é. Basta ouvir pregadores atuais para perceber que a conclusão de suas falas está longe de concluir qualquer coisa.
Revisor no JB, aprendi a dar valor ao texto exato, bem escrito, limpo. Corrigíamos o que repórteres e redatores escreviam e tínhamos nossas correções examinadas por outros revisores.
O texto exato, lógico, subordinado ao que chamávamos norma culta da língua, isso foi o que sempre valorizei e julguei importante. Entendia que o bom profissional precisava saber se expressar de forma inteligível. Como afirmei no início deste texto: estava errado.
Em minha última experiência profissional, fui chefiado por uma figura que não sabia juntar lé com lé e cré com cré. Dono de texto tenebroso e discurso errático, o homem era o CEO da organização. (Se o jumento ler esse texto, e descobrir-se nele, não se ofenderá, ficará felicíssimo por ter sido chamado de CEO.)
No final do ano, Dilma Rousseff será eleita presidente da República. As falas desconexas da futura líder da nação demonstram a confusão mental em que vive, mas isso não importa.
Importa é fazer amigos, ajudar aqui para ser ajudado ali, colar em pessoas que podem favorecê-lo e não ter constrangimento em pisar naqueles que estiverem no seu caminho.
Quando entrei para o JB tinha vaga assegurada no Banerj.
No dia em que fui à igreja pela primeira vez, participava de campeonato de botão e já decidira não ir. Os adversários de jogo resolveram me acompanhar. Na igreja, só eu fiquei.
Se tivesse escolhido o Banerj, se optasse por ficar jogando botão... Bem, aí teria vivido outra vida.
Vaidoso, prezo muito o que aprendi seguindo pela estrada em que o acaso me colocou. No entanto, jamais direi a alguém para seguir por ela. Saber das coisas e ser pobre, é foda.

Um comentário:

Hanna disse...

Utahy Caetano, vc é demais! Um dia ainda vou comprar teu livro e vou aí pedir autógrafo, te dando o direito de me dar chá de cadeira e perguntar como se escreve meu nome...rsrs
Sou fã de carteirinha de pelo menos 80% dos seus textos - porque os 20% restantes referem-se às mulheres nuas....rsrs. Por coincidência, antes desta sua postagem, comentei que se vc tivesse visto um erro que cometi, jamais deixaria de notar e que não perdoaria! E esta postagem parece combinada... Íxi... que coisa...
Bjs.