sábado, agosto 01, 2009

DA POBREZA

Claro que gostaria de ter mais dinheiro.
Mais saúde, também, obviamente.
Se fosse um pouquinho melhor do que sou, seria legal.
Já fui religioso. Não lamento essa minha fase, mas, graças a Deus (sim, sigo crendo em Deus), me livrei dela, deixei-a para trás.
Uma vez fui posto por uma cara amiga diante de uma questão, pelo menos para ela, crucial: “Gordo, você consegue ser feliz sendo pobre, morando onde mora?”
Quem consegue ser feliz? Quem consegue ser feliz só porque está com dinheiro no bolso? Sim, sei, com o papo cheio é mais fácil empanturrar-se com as delícias que a vida nos vende. Mas, e daí?
Nunca fui de muitas elucubrações. Por ser ignorante, sou pragmático. Relaciono-me com pessoas que têm dinheiro fruto de trabalho e outras que têm muito mais, ganho de forma fraudulenta. Ainda não esbarrei com o homem ou a mulher feliz.
Honestos e desonestos, mesmo endinheirados, buscam a felicidade.
A felicidade está sempre logo ali. É inalcançável. Alguém disse que vivemos momentos felizes. Creio nisso. Não adianta buscar a felicidade em amor, dinheiro, igreja... Em breves momentos, somos felizes. Por quê? Sei lá.
Eu, particularmente, quando estou rodeado de amigos, conversando, rindo, sinto-me imensamente feliz. Entrego os motivos dessa felicidade frugal: 1) Meus amigos são, realmente, meus amigos. Não há interesses escusos na aproximação; 2) Trocar impressões com pessoas de quem gostamos (eu me recuso a dividir a mesa com gente que não tolero), falar sobre projetos, rir de situações pitorescas é experiência indescritível; 3) Poder olhar dentro dos olhos de quem você sabe que o ama e é amado por você... É bom demais.
Ao longo da vida colhi alegrias e decepções. Eu e a torcida rubro-negra.
Às vezes, sou vencido pelo mau humor ao constatar que tantos pilantras se dão bem em prejuízo de pessoas capazes e honestas. O mau humor que sinto não decorre de o pilantra estar mamando em tetas que jorram leite em profusão. Minha ira é porque sabemos, eu e você, que aquele leite poderia estar forrando milhares e milhares de barrigas famintas. Então, não dá para ser feliz.
Dá para prolongar os momentos agradáveis que a vida nos proporciona e aí, sinceramente, alegro-me por não ser um ignorante. Extraio imenso prazer na leitura de um bom livro, deleito-me ouvindo o que entendo ser boa música, curto demais um bom filme.
Bem, sou casado com a mulher que amo, tenho bons amigos, os prazeres que aprecio me são acessíveis, jamais prejudiquei ninguém para “melhorar” na vida, não sou hipócrita e vivo do meu trabalho. Logo, acho que posso dizer que sou feliz.
Ou, talvez, seja apenas um babaca.

Um comentário:

Anônimo disse...

Penso que felizes de verdade são somente os babacas que sabem que a vida é feita de relacionamentos, e que posses são muito úteis quando são para serem desfrutadas com aqueles que amamos e temos prazer na companhia. Logo, feliz é quem sabe ser, não quem consegue ter. Agora, não sejamos hipócritas, ser e ter é 10, não? rsrsrsrsrsss