Na
década de 70 do século passado nenhum grupo vendeu mais discos, globalmente, do
que o ABBA. Os suecos ganharam o mundo a partir de 1974. Em 1982, encerraram a
carreira. Desentendimentos internos foram a causa da separação do grupo.
Em
2008, Mamma mia chegou aos cinemas.
Adaptação de uma peça teatral. O filme, um musical, fez grande sucesso e ganhou
uma continuação, agora, em 2018. A trilha sonora é toda composta de antigos
sucessos do ABBA.
2018
chegou e como dinheiro não faz mal a ninguém, o ABBA voltou. 35 anos depois de
se aposentarem, retornaram. Há promessa de duas músicas inéditas e uma turnê
virtual em 2019. A empresária do grupo explica que toda a turnê será
apresentada por hologramas: “Devemos nos lembrar deles como eram nos anos 70 e
escutar como eles cantam hoje em dia.”
Benny
Anderson, um dos integrantes do ABBA, falou sobre o assunto: “É perfeito!
Podemos estar no palco enquanto estarei em casa, passeando com os cães. Se isso
realmente funcionar, haverá muitos artistas querendo fazer o mesmo, até muitos
artistas jovens e que estão atualmente em turnê”.
O
primeiro grupo holográfico da música, no entanto, não será o ABBA. A primazia
cabe ao Milli Vanilli.
No
final dos anos 80, dois negões europeus fashion estouraram nas paradas.
Chegaram aos EUA, ganharam um Grammy como revelações e logo depois foram desmascarados.
Os dois Milli Vannili eram bonitões, requebravam bem e se vestiam de acordo com
a moda da época. Por trás dos Milli formosos, que fingiam cantar, havia, claro,
os Milli que cantavam de verdade. Estes tinham um grave defeito: eram feios.
A
verdade veio à tona, os feios tomaram a direção do grupo e jamais emplacaram um
sucesso. Os hologramas venceram.
O
ABBA quer esconder sua velhice.
Os
Milli disfarçaram a feiura dos verdadeiros artistas.
Assustador
é achar natural hologramas se apresentarem no lugar de pessoas reais.
Em
1998, Damon Albarn e Jamie Hewlett criaram o Gorillaz. Albarn tem sólida
carreira à frente do Blur. Hewlett é prestigiado criador de quadrinhos. Pelo
Gorillaz já passaram diversos músicos e cantores.
O
grupo tem história virtual rica e intensa. No último disco, um dos componentes
virtuais foi substituído. Cometeu um crime e foi preso.
O
Gorillaz não são hologramas. São parte de um projeto artístico muito criativo.
Os que dão vida ao grupo, os artistas do mundo real, estão por aí fazendo
música e arte em outros lugares.
O
ABBA se repete e suga o som que produziram no passado. Não querem ter o
trabalho nem de subir ao palco para cantarem.
O
Milli Vanilli foi uma fraude. Eram hologramas de si mesmos.
O
Gorillaz é um projeto sincero, criado por artistas de verdade.
ABBA
e Mlli Vanilli escamoteiam a verdade. O ABBA de hoje, o Milli de sempre. O
Gorillaz “inventa” a verdade.
Torço
para a turnê do ABBA ser um fracasso. Mas isso pode ser reacionarismo deste
velho.
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