Em
1974, comecei a trabalhar no Jornal do Brasil. Tinha 20 anos. Associei-me ao
Sindicato de Jornalistas do Município do Rio de Janeiro. O que me moveu foi a carteira
com carimbo Imprensa. Dava pra tirar uma onda. De qualquer forma, o velho
cobrador do Sindicato circulava as redações do Rio para recolher as mensalidades
e eu pagava, religiosa e voluntariamente.
Havia
(deve haver, ainda) um Sindicato do Estado do Rio. Na Manchete, trabalhei com
uma figura que era profissional deplorável. Faltava pra cacete, o serviço dele
precisava ser revisto. Um revisor que precisava ser revisado. Ele se valia da
imunidade que tinha por ser da diretoria do sindicato do Estado para ser um
profissional de merda. O do Município era o sindicato relevante, o que se
empenhava por seus associados. Então, há sindicatos e sindicatos.
Enquanto
trabalhei em empresas jornalísticas, fui filiado ao Sindicato dos Jornalistas,
depois que precisei buscar trabalho em outras empresas era ligado (não filiado)
aos sindicatos dos empregados da firma em que estava. Algumas das “conquistas”
da classe, mantive em todas as empresas, como as seis horas diárias de
trabalho.
O
imposto sindical compulsório (sempre me emputeci com esta merda) era descontado
para a empresa em que estava trabalhando. Para ser encaminhado ao SJPMRJ, eu
precisava ir ao Centro, pegar uma declaração e entregar no DP da empresa. Dava
um trabalhão. Mas fazia isso porque já estava desvinculado do Sindicato e
achava correto agir assim. Era um babaca, na época.
Quando
entrei no Jornal do Brasil, havia linotipistas. Durante os oito anos que trabalhei
por lá, foram extintos. Éramos 120 revisores. Em 1980, viajei numa barca lotada
de demitidos. Desembarquei na Manchete e, 20 anos depois ela falia. Já tinha
saído de lá em 1990. Os revisores de texto minguavam. Subitamente, passei a
ser, com 40 anos, um revisor garoto. Na profissão, só gente mais velha.
Profissões
se extinguem, é inevitável. Temos de nos liguei adaptar. Muitas vezes foi
penoso para mim, mas a solução não era o Estado me dar colo. Estado atrapalha.
Meu
registro de jornalista devo ao grande José Sarney. Entrei no JB e meu registro
era de jornalista provisionado. O grande Sarney decretou que o provisionado
viraria profissional. Nunca entrei em uma Faculdade de Comunicação. A maioria
dos bons jornalistas, também não.
Estou
dizendo isso porque hoje de manhã entrei no sítio do Sindicato para ver as
condições para voltar a me filiar. Com o fim do imposto sindical (já foi tarde),
quem deve sustentar a associação somos nós, os profissionais. Vi as condições,
as exigências e liguei pra lá. Sou aposentado, não sabia se podia retornar ao
sindicato nessa condição. Também não tenho diploma, mas, pensei, é um retorno,
fui sindicalizado antes da exigência de diploma, não achei que houvesse
problema. A senhora que me atendeu não deu tempo nem de eu falar sobre a
aposentadoria. Quando disse que não tinha diploma, ela me interrompeu e
informou que o diploma era inegociável.
Está
certa a moça, mas acho que ela não percebeu que algo mudou e os recursos terão
de ser buscados em outras fontes. Minha febre cidadã passou. Não pagarei R$
160,00 para entrar nem R$ 35 mensais para jamais usar os serviços do sindicato.
Foi
só uma brisa que passou.
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