quinta-feira, setembro 06, 2012

SEM FIRULAS



Não há um jeito de imaginar como será nosso dia. Podemos planejar, pensar nos lugares em que deveremos ir, estabelecer metas de horário: “às 11h em tal lugar; meio-dia almoço; no máximo, às 3h, estou na Tijuca; médico, às 4h; pego um táxi, 6h estou dentro de casa.” Mas aí vem o acaso e...
Descia a Serra na boleia de um amigo. Ia ao Recreio dos Bandeirantes. O amigo estava indignado com a morte de uma jovem senhora de 33 anos, feita refém por um imbecil e morta por outro imbecil, este de farda. Olha o acaso.
Ativista de um movimento de defesa de direitos gays, o Cara de Gazela, o afoito motorista não conseguia conter a ira. Eu, egoísta, preocupado com as navalhadas no percurso. Se com ele dominando os próprios sentidos já eram muitas, imagine desvairado. Mas fomos bem.
No Recreio, peguei um dinheiro de trabalho e titubeei um pouco sobre o que fazer. Pago minhas contas em um banco daqui ou deixo para fazê-lo na Tijuca? A prudência me encaminhou para a agência bancária. Que louca ideia a de levar dinheiro para a famigerada Tijuca.
Pagas as contas, perguntei a um funcionário do banco onde pegar ônibus para a Tijuca. Ia ao cardiologista. “Aí na frente do banco, o 304. Vai pra Rodoviária.” Saí, abri o jornal e fiquei com um olho no padre e outro na missa.
No centro da pista da Av. das Américas, o Ligeirão. Precisava recarregar meu Bilhete Único. Nada de 304. Resolvi fazer a recarga. Depois entraria no Ligeirão, desceria no Terminal Alvorada e de lá iria para o bairro dos comedores de sardinha e arrotadores de garoupa.
Atravessei a rua, encaminhei-me à estação Benvindo Novais a tempo de ver acontecer, exatamente no lugar em que estava, uma cena que é comum na Serra, mas inusitada no lugar onde paulistas se recreiam. Por aqui a turma gosta de explodir carros.
A cena: Um motoqueiro e seu garupa abordam outro motoqueiro e tiram-lhe a moto. O garupa deveria ter algum transtorno de falta de amor (TFA) e danou-se a atirar contra o nada. O dono da motoca que seria roubada já havia se pirulitado. E o garupa atirava, atirava... (que merda de arma era aquela com balas à vontade?). Tentou fazer a moto do escafedido andar e nada. Ficou contrariado, bateu os pezinhos, bicou a moto caída no chão, voltou à moto em que estava, abraçou carinhosamente o amiguinho e gritou: “Vamos, porra!” E mais tiros lançou em direção ao nada. As balas só encontraram paredes. Ainda bem.
Não pude deixar de pensar que se estivesse onde estivera 5 minutos antes, talvez minha pouca mobilidade e grande volume me condenassem. Ou, quem sabe?, uns pipocos vindo em minha direção me dessem nova velocidade. O acaso, de novo.
Entrei na estação, liguei pro amigo da carona a fim de tranquilizá-lo. O ateliê dele é ali perto. Depois de contar a história, ouvi a aguda voz: “Veinho, não faça isso comigo. Você sabe que te amo. Tome cuidado. Beijão.” Apreciei o carinho, mas sou das antigas, gosto de ser amado por mulheres. Não é preconceito, mas sacumé.
Claro que não fui pra Tijuca. Busquei a segurança da Serra e a familiaridade de companheiros sem firulas. 

Um comentário:

Belchior disse...

Defesa de gays???? cara de gazela??? Atelié??? Vá à merda, viadinho!!!!! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk ah, mas eu te amo, gordinho lindo. kkkkkkkkkkk