quinta-feira, fevereiro 02, 2012


O ALBATROZ
Charles Baudelaire

Às vezes, por prazer, os marinheiros 
Pegam um albatroz, essa imensa ave dos mares, 
Que acompanha, indolente parceiro de viagem, 
O navio a singrar pelos golfos. 

Tão logo o estendem sobre as tábuas do convés, 
O monarca do azul, canhestro e envergonhado, 
Deixa pender, como um par de remos junto aos pés, 
As asas de um branco imaculado.

Antes tão belo, como é feio caído em desgraça 
Tão fraco e desajeitado, até mesmo cômico! 
Um, com o cachimbo, lhe enche o bico de fumaça, 
Outro, a coxear, imita o enfermo que outrora voava!

O Poeta é como o príncipe da altura 
Que enfrenta os vendavais e ri da seta no ar; 
Exilado no chão, em meio à multidão obscura, 
As asas gigantes impedem-no de andar.

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