quinta-feira, outubro 28, 2010

Ah, se ela me desse bola



– Belinha, senta aqui. Eu fico no banco da frente.
– Tá legal!
– O Luquinha ficou chateado com você. Por que você não pega carona com ele?
– Vou dar mole pra ele, Dario? Se entrar naquele carro, o babaca vai espalhar que tá me pegando.
– E daí? Você liga pro que dizem?
– Né isso. Tô a fim de um carinha. Se ele pensar que tô com o Luquinha...
– Quem é o felizardo? Já se declarou?
– Não vou dizer e óbvio que não falei nada. Me insinuo, dou pinta, mas o cara é devagar. Chamo prum cinema, pra comer pizza...
– Aê, Belinha, já que falou nisso, me amarrei de você ter me chamado pra ver Tropa contigo. Tava dibob em casa, prostradão, quando você ligou.
– Ganhei os ingressos. Fiquei meio bolada de te chamar. Sei lá, sua namorada poderia encrencar.
– Nada. Tô sozinho há um tempão. Só tem rolado umas peguetes. Até que ando a fim de parada mais estável, mas, pô, tá difícil.
– Esse carinha que tô a fim. Acho que se der certo vai ser pra gente ficar um tempão junto.
– O cara é um felizardo. Você é a mó gata. Um doce de pessoa. A gente papeia bastante. Naquele dia do filme, quando a gente conversava na pizzaria, eu pensei, a Belinha é fodona, cabeça pra caraio.
– Quem é mais gata do que eu na escola?
– Não tem, Belinha. Os caras todos acham isso. Aê, quem é esse moleque? Ele é da escola?
– Da escola, da nossa série, de nossa sala, de nossa fileira.
– Peraí, o Mauro Lesado?
– Dario, meu ponto, vou descer.
– Amanhã, voltamos juntos?
– Acho que não. Estou pensando em aceitar a carona do Luquinha.

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