segunda-feira, dezembro 10, 2007

Meus sobrinhos

Sempre penso que não vou embarcar mais nestas Kombi criminosas que rodam pelo Rio, mas ando sempre duro, ônibus não aparece e aí acabo me entregando pros malucos.
Sábado chuvoso, onze e pau, lá vem a Kombi velha e eu não titubeio.
Estamos eu, o piloto, o cobrador e uma jovem. Não há troco pros meus dois reais. Tudo bem, vou pro fim da linha. A bonitinha desce. A Kombi é só minha.
Primeiro ponto da José dos Reis, uma turma está saindo de um aniversário. Mulheres, homens, crianças, bolo, coca-cola, pastéis... O olho do piloto cresce. Com jeitinho cabe todo mundo, não vai ficar ninguém a pé. Entraram 18. Fui forçado a lucubrar: Há pouco a solidão, o vazio. Agora, a proximidade com outros humanos. Bundas, pernas, sovacos, dentes. Tudo tão próximo.
Faltou-me coragem para puxar a máquina e disparar. Seria foto pra prêmio.
Na Praça de Inhaúma desceram todos.
Sozinho de novo.
Aí tio, vai pra onde? Pro Boêmios. Vou precisar abastecer, tudo bem? Claro que estava tudo bem.
Valeu, tio.
Não é a Zilda, ali na frente? O cobrador, É. ZIIIILLLLDDDAA!!! Ô querido! Vai namorar? Só de segunda a sexta. Vamu num chope? Já é. Entra aí, só vou levar o tio no Boêmios.
Esses meus sobrinhos...

2 comentários:

Hanna disse...

Muito bom!!! Muito bom!!!
Abraço, tio!

Adriana disse...

Você é ilário!!! Confesso que mesmo imaginando a cena, com riqueza de detalhes, senti vontade de ver a foto. Figura teu blog diverte à bessa!