quarta-feira, abril 26, 2006

O tempo

Pat estava jurada de morte.
Namorou um soldado.
Ele subiu na carreira, virou gerente e quis ser dono de Pat.
Pat gostava do cara, mas propriedade dele não seria.
Terminou, saiu da comunidade, da cidade. O amor do general era doido.
Levou a mãe com ela, porque mais nada tinha pra levar.
Dez anos é muito tempo.
Voltou ao Rio. Um absurdo não poder vir à cidade.
Passou uma semana em casa de primos.
Ligou para amigas. Falou das saudades.
Perguntou do antigo namorado.
Ninguém sabia.
Há anos foi escorraçado da favela. Deve estar morto.
Não estava.
Três tiros e Pat morreu.
Antes de morrer, talvez tenha pensado: “Dez anos não é tanto tempo assim”.

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